Pobreza cai no Brasil e aumenta na América Latina, diz relatório

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Marieta Cazarré – Repórter da Agência Brasil

O relatório Panorama Social da América Latina 2015, divulgado hoje (22) pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), registrou uma redução importante nas taxas de pobreza.no Brasil. Segundo Laís Abramo, diretora da Divisão de Desenvolvimento Social da instituição, mais de 2 milhões e 750 mil brasileiros saíram das linhas de pobreza e extrema pobreza em 2014.

“Essa diminuição foi mais acentuada entre os indigentes, e isso mostra, justamente, a eficácia e a importância dos programas de combate à extrema pobreza que existem atualmente no Brasil. Sabemos que há uma crise importante, com diminuição do crescimento econômico, com recessão e aumento do desemprego. É muito provável que haja impactos negativos sobre os níveis de pobreza e indigência. Mas vai depender da eficiência da rede de proteção social que existe no país, dos programas de transferência de renda e de instrumentos como o seguro-desemprego”, afirmou Laís.

Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, afirmou que enviou hoje carta aberta à presidente Dilma Roussef, em que manifesta sua preocupação com ameças à estabilidade democrática e reconhece os avanços sociais e políticos alcançados pelo Brasil na última década. “Nos violenta que hoje, sem julgamento ou evidência, usando vazamentos e uma ofensiva midiática, que tem por convicção tentar demolir sua imagem e legado, esforços são multiplicados por minar a autoridade presidencial e encerrar o mandato conferido aos cidadãos nas urnas”, afirmou, em nota.

Em toda a América Latina, entre 2014 e 2015, o número de pessoas em situação de pobreza cresceu de 168 milhões para 175 milhões, o que representa 29,2% das pessoas. Já o número de pessoas em situação de indigência, ou extrema pobreza, passou de 70 para 75 milhões (12,4%).

De acordo com o relatório, o aumento é consequência de resultados diferentes entre os países, onde alguns tiveram aumento da pobreza e outros, a maioria, registraram diminuição. Entre 2010 e 2014, por exemplo, houve significativo crescimento da pobreza no México.

O documento ressalta que, nos próximos 15 anos, a maioria dos países da América Latina continuará no chamado bônus demográfico, onde a população em idade de trabalhar é maior que a de aposentados. Bárcena afirmou que este é um momento fundamental para o desenvolvimento de políticas de proteção social e reforçou que será necessária atenção especial à área de saúde e da previdência social, uma vez que o impacto negativo tende a crescer.

Outro dado alarmante é que, em 2013, uma em cada 3 mulheres não tinha renda própria nem autonomia econômica. Segundo Bárcena, a exclusão social afeta muito mais as mulheres do que os homens. De acordo com o documento, a renda dos homens brancos é quatro vezes maior que a das mulheres indígenas e duas vezes maior que a das negras, levando-se em consideração níveis educacionais iguais.

De acordo com a Cepal, o trabalho é a chave mestra para reduzir a pobreza e as desigualdades. No entanto, entre 2014 e 2015, a taxa de desemprego na América Latina aumentou de 6% para 6,6%. O organismo recomenda que os esforços de promoção do trabalho decente, formalização dos empregos e acesso aos mecanismos de proteção social devem persistir.

“Os gastos sociais em educação, saúde e previdência social deveriam ser independentes dos ciclos econômicos. Mas, em momentos como o atual, de crise econômica, os países devem proteger os níveis de gastos sociais. E, nos períodos de crescimento, ampliar o gasto e os investimentos, para reforçar a construção da rede de proteção social”, afirmou Bárcena.

Edição: Maria Claudia

Meio milhão de trabalhadores garantem cumprimento das condicionalidades do Bolsa Família

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Eles também promovem o acesso de mais de 50 milhões de pessoas à educação, à saúde e a serviços socioassistenciais

Depois do assassinato da irmã, em 2007, Silvana Rodrigues Pereira, 40 anos, deixou de mandar os quatro filhos para a escola, porque toda a família passou a receber ameaças de morte. Assustada e deprimida, a auxiliar de serviços gerais encontrou amparo e segurança em quem menos esperava: o gestor Charles Rodrigues Pereira, responsável regional pelo Bolsa Família em Belo Horizonte (MG).

Depois de observar a ausência das crianças na escola – à época com 15, 12, 11 e 5 anos –, o gestor procurou a família para saber o que estava acontecendo. “Estava deprimida e com muito medo. Ele me aconselhou e me ajudou a recuperar a autoestima”, conta Silvana. Na época, orientada por Charles, ela foi atendida pela psicóloga Zilah de Souza e Santos, do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) do bairro, e depois passou por tratamento no Hospital das Clínicas da capital para curar a depressão.

Em 2009, a auxiliar de serviços gerais deixou o Bolsa Família porque um dos filhos, que é deficiente, passou a receber o c. A consciência sobre a importância da educação ficou. Os filhos Bruna e Webert, agora com 13 e 18 anos, continuam estudando. Além disso, o filho com deficiência, Weberson, de 19, frequenta as aulas de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

“É uma oportunidade de eles terem conhecimento e um emprego melhor no futuro”, afirma ela, que também voltou a estudar. Ela reconhece o trabalho do gestor como transformador da sua vida. “O Charles foi meu anjo da guarda. Ele ficou do meu lado, me deu uma palavra de conforto. Nunca vou esquecer o que ele fez por mim.”

Charles é um dos 500 mil funcionários estaduais e municipais envolvidos, direta ou indiretamente, no acompanhamento das condicionalidades de educação e de saúde, além do acesso das famílias do programa a serviços socioassistenciais. São gestores do Bolsa Família e do Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal, trabalhadores da saúde, diretores escolares e profissionais do Sistema Único de Assistência Social (Suas) que atuam em cada um dos 5.570 municípios do país. Eles são o elo entre as ações do Estado e a população. Os rostos dos programas sociais para milhões de brasileiros.

Para chegar até as famílias, o mineiro Charles Pereira já precisou até enfrentar cachorro bravo, mas não desanimou. “É muito gratificante trabalhar acompanhando as pessoas com dificuldades de cumprir as condicionalidades. É um trabalho de conscientização que fazemos com a família, com os desejos que eles têm para o futuro”, conta.

Ele conta que os principais motivos para as faltas e o abandono escolar de crianças e adolescentes acompanhados pelo Bolsa Família na sua região estão relacionados à saúde, à moradia e à violência urbana.

Mobilização – Para o coordenador-geral de Acompanhamento de Condicionalidades do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Marcos Maia, esta imensa mobilização social é a verdadeira responsável pelo sucesso do programa, que atinge 50 milhões de pessoas e faz com que as crianças frequentem mais as aulas e tenham mais acesso à saúde para superar a pobreza. “O nosso objetivo não é punir, queremos que as pessoas acessem os serviços de saúde e educação, que é um dever do Estado.”

A tarefa de monitorar as condicionalidades de educação e saúde dos beneficiários do Bolsa Família é hercúlea. Em todo o país, 152 mil escolas públicas possuem alunos do programa, o que significa que pelo menos 152 mil profissionais têm, entre outras atribuições, a função de coletar as informações sobre a frequência escolar desses estudantes.

Além disso, em cada município, há um coordenador do Bolsa na educação. Desses dois conjuntos, 31 mil são usuários cadastrados para registrar os dados no Sistema Presença do Ministério da Educação. Cada estado possui um coordenador do Bolsa na educação, que orienta e capacita os municípios.

Na saúde, também há um gestor do Sistema de Gestão da Saúde – do Ministério da Saúde – para cada município e estado e mais de 254 mil agentes comunitários de saúde que fazem parte da ação Saúde da Família. Os gestores do Cadastro Único e do Bolsa Família em todos os municípios também são parte desta legião de profissionais.

Os resultados de tamanha operação são expressivos: a cada bimestre, cerca de 15 milhões de estudantes do Bolsa Família cumprem a frequência exigida e, a cada semestre, mais de 9 milhões de famílias cumprem a agenda de saúde. “Esses resultados indicam que o Bolsa Família, para além da transferência de renda que combate a pobreza, tem um papel central na articulação de serviços sociais e na promoção da mobilidade social, democratizando direitos sociais”, afirma o secretário nacional de Renda de Cidadania do MDS, Helmut Schwarzer.

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Assistência social – Nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e nos Centros de Referência Especializados da Assistência Social (Creas) espalhados pelo Brasil, atuam mais de 100 mil de trabalhadores. Entre os vários serviços socioassistenciais oferecidos, muitos desses profissionais atendem as famílias que descumprem condicionalidades. Mais de 90 mil famílias do Bolsa Família são acompanhadas pela assistência social atualmente.

“O descumprimento das condicionalidades, por repetidas vezes, pode ser indicador de situação de risco ou vulnerabilidade destas famílias”, explica Maia. “O acompanhamento delas no Cras ou no Creas se torna necessário para orientá-las, e o registro desse trabalho no Sistema de Condicionalidades (Sicon) é importante para que a família possa continuar a receber o benefício”.

Município cearense é exemplo de integração entre saúde, educação e assistência social

Em Crateús (CE), a integração entre as áreas de saúde, educação e assistência social gerou outro exemplo de sucesso no acompanhamento das condicionalidades. Lá foi criado o Núcleo Intersetorial de Apoio ao Cadastro Único, com o objetivo de melhorar a vida das famílias beneficiárias. Vista inicialmente com desconfiança, a ação gerou resistência até mesmo entre os próprios trabalhadores envolvidos.

Foi preciso um engajamento geral, segundo o gestor municipal do Bolsa Família, Antônio José Marques. Desde o início de 2013, porém, o esforço coletivo dos secretários municipais e de suas equipes, professores, diretores, profissionais de saúde e até do Conselho Tutelar resultou numa considerável redução nos descumprimentos das condicionalidades, principalmente na educação. “Atualmente, 99% das mulheres e crianças têm atendimento de saúde e, na educação, 95,7% das crianças e adolescentes cumprem a frequência escolar exigida. Isso só foi possível a partir das visitas aos beneficiários.”

Durante as visitas, como parte do trabalho de conscientização, os profissionais explicam que o maior investimento do programa, o grande legado do Bolsa Família, é a educação. “As famílias entenderam que o governo não está só dando o benefício, quer um retorno em forma de educação para as crianças.”

A história da beneficiária do Bolsa Família Cristiane Vieira de Paiva, 37 anos, ilustra bem o resgate das crianças para a sala de aula em Crateús. No início do ano letivo, Cristiane teve que ir para Fortaleza (a 353km de distância) para fazer um tratamento contra o câncer. Com isso, a filha Cristina de Paiva, 14 anos, que ficou sob a responsabilidade da nora, deixou de ir para escola por não conseguir acordar e frequentar as aulas no período matutino. Depois de uma semana de faltas injustificadas, a direção da escola foi atrás da aluna para saber o motivo da ausência e resolver a situação.

A visita resultou na reversão do quadro: Cristina agora estuda à tarde e não tem mais problemas com a frequência. “É importante esse trabalho, porque ajuda a manter a criança na escola e não acarreta nenhum problema futuro para receber o benefício”, diz Cristiane.

Não só as visitas e as conversas foram intensificadas. A criação do Núcleo de Apoio ao Cadastro Único permitiu que as escolas identificassem e dessem o alerta quase de imediato, ainda na mesma semana em que as faltas são registradas. “Fica mais fácil você tratar o problema logo no início”, aponta Marques. “É um trabalho de equipe. Se baixarmos a guarda nessa luta, as crianças voltam a faltar.”

“Aos poucos ganhamos a confiança das pessoas”, diz agente de saúde

Ozanete da Silva, 47 anos, é agente comunitária de saúde no bairro Hernane Sátiro, em João Pessoa (PB). Há 10 anos fazendo parte do Programa Saúde da Família, ao menos uma vez por mês, ela visita e acompanha aproximadamente 150 domicílios. Dessas, segundo ela, 40% fazem parte do Programa Bolsa Família. A agente de saúde considera que o seu trabalho é uma ponte de acesso ao serviço público.

“Aos poucos, vamos ganhando a confiança das pessoas para entrar na casa deles, saber da saúde de cada um e ao mesmo tempo passar orientações e mandá-los para o posto de saúde”, explica. Ela destaca que, entre os mais pobres, a conscientização sobre a saúde é mais trabalhosa. “Já houve um caso em que uma paciente não queria fazer o exame citológico (Papanicolau), porque não precisava. Depois de uma boa conversa, ela topou fazer o teste”, lembra Ozanete. “Sou insistente. Chego a ser chata, mas não quero ver ninguém doente na minha região”, completa.

A mesma insistência de Ozanete é que faz com que Maria José Crispim, 40 anos, mantenha a saúde em dia. A beneficiária do Bolsa Família é hipertensa e é sempre a agente comunitária de saúde quem a lembra sobre remédios. “Ela reclama comigo porque eu esqueço os remédios da pressão, mas me trata muito bem”, diz. “A Ozanete lembra também quando é para levar os meninos para pesar ou para se vacinar. Estão todos com o cartão em dia”, comemora.

Mãe de seis filhos (entre 2 e 14 anos), Maria José reconhece que o pré-natal feito logo no início das gestações é fruto da orientação da agente de saúde. “Ela sempre me encaminha para o posto de saúde e me orienta em relação aos filhos”, afirma a beneficiária, que recebe R$ 252 do programa de transferência de renda. “Sou muito consciente, esse dinheiro é mais para a alimentação das crianças. Se não é isso, é para comprar algum remédio que não tem no posto de saúde”, conta.

Ozanete da Silva percebe a diferença do trabalho individual, principalmente com as famílias mais pobres. “Antes, as pessoas não achavam importante fazer o pré-natal, vacinar as crianças. Hoje em dia eles estão com a cabeça mais aberta. Conseguem ver a necessidade de cuidar da própria saúde e da saúde dos filhos e percebem isso como direito.”

 

Condicionalidades do Programa Bolsa Família
 
Educação: todas as crianças e os adolescentes entre 6 e 15 anos devem estar matriculados e com frequência escolar mínima de 85% das aulas. Já os estudantes entre 16 e 17 anos devem ter frequência de, no mínimo, 75%.
Saúde: as famílias beneficiárias assumem o compromisso de acompanhar o cartão de vacinação e o crescimento e o desenvolvimento de todas as crianças menores de 7 anos. As mulheres n também devem fazer o acompanhamento e, se gestantes ou nutrizes (lactantes), devem realizar o pré-natal e o acompanhamento da saúde no pós-parto.
Importante: A lógica das condicionalidades não é a punição e, sim, a promoção do acesso a direitos. A educação e a saúde são direitos de todos, mas que, por muito tempo, estiveram distantes da realidade da população mais pobre. Ao cobrar que as famílias cumpram seus compromissos, o poder público também deve se comprometer a garantir a oferta dos serviços.
O papel da Assistência Social: Além de obter informações com a gestão municipal do Bolsa Família, os trabalhadores dos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e os Centros de Referência Especializada de Assistência Social (Creas) podem auxiliar a família a superar as dificuldades enfrentadas para cumprir as condicionalidades.

Informações sobre os programas do MDS:
0800-707-2003
mdspravoce.mds.gov.br

Informações para a imprensa:
Ascom/MDS
(61) 2030-1021
www.mds.gov.br/saladeimprensa

fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome.

Saúde, educação e transferência de renda reduzem miséria entre crianças e adolescentes

Ação Brasil Carinhoso garante que 8,1 milhões de meninos e meninas se mantenham fora da extrema pobreza, aumenta o acesso à educação infantil e previne males que prejudicam o desenvolvimento na primeira infância

As ações de educação, saúde e transferência de renda do Brasil Carinhoso tiveram como alvo uma das piores características da desigualdade no país: a forte concentração da miséria entre as crianças e os adolescentes de até 15 anos. Com a estratégia, o governo federal retirou 8,1 milhões de crianças e adolescentes da extrema pobreza em famílias.

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Criado em 2012, o Brasil Carinhoso modificou o cálculo dos benefícios do Bolsa Família, o que resultou no aumento do valor repassado por criança e adolescente, principalmente aqueles considerados extremamente pobres. Além disso, fortaleceu o atendimento da educação infantil em creches e promoveu uma ações de reforço alimentar e nutricional.

Para prevenir e controlar as deficiências de vitaminas e minerais das crianças que estão em creches, o governo federal promove, nesta segunda-feira (2) o lançamento nacional da suplementação alimentar NutriSUS, prevista no Brasil Carinhoso. Mais de 330 mil crianças serão beneficiadas em 6.864 creches do país. Os sachês multivitamínicos, distribuídos a partir da parceria entre os ministérios do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), da Saúde e da Educação, começarão a ser usados neste primeiro semestre do ano letivo.

Primeira infância – O NutriSUS se soma a outras ações que previnem e tratam os males que mais prejudicam o desenvolvimento na primeira infância. A necessidade de ferro entre as crianças menores de 24 meses é muito elevada e dificilmente provida apenas por alimentos. Se não for suprida, pode levar à deficiência de ferro e à anemia. Já a falta de vitamina A acomete 20% das crianças menores de 5 anos e, quando severa, provoca deficiência visual e aumenta o risco de anemia e até de morte.

Com o Brasil Carinhoso, o Ministério da Saúde expandiu a distribuição de doses de vitamina A para crianças de seis meses a 5 anos nas Unidades Básicas de Saúde e em campanhas de vacinação, além de aumentar a oferta de sulfato ferroso. A distribuição gratuita, nas unidades do “Aqui Tem Farmácia Popular”, de medicamentos para asma – a segunda maior causa de internação e óbito de crianças – completa o pacote do Brasil Carinhoso na área da saúde.

E o Programa Saúde na Escola foi estendido às creches e pré-escolas. No ano passado, quase 20 mil creches receberam recursos do programa que incentiva a educação para a saúde, contemplando 1,1 milhão de crianças em creches e 2 milhões em pré-escolas.

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Educação – Criada numa perspectiva de atenção integral, o Brasil Carinhoso garantiu a presença de 707 mil crianças de zero a 48 meses do Bolsa Família em creches. Para isto, o governo federal repassou, nos últimos três anos, R$ 1,4 bilhão para que as prefeituras aumentem o acesso da população mais pobre aos serviços de educação infantil.

A ação também incluiu um aumento de 66% no valor repassado pelo Ministério da Educação para a alimentação escolar de todas as crianças matriculadas em creches públicas e conveniadas com o poder público.

Renda – O Brasil Carinhoso teve papel estratégico no combate à miséria no país, por enfrentar o problema na primeira infância, onde a concentração da pobreza extrema era maior. Crianças até seis anos – fase crucial do desenvolvimento físico, intelectual e emocional – representavam 10% da população, mas concentravam 17,4% do total de indigentes, o maior percentual entre as faixas etárias.

Em maio de 2012, quando foi lançada pela presidenta Dilma Rousseff, a ação Brasil Carinhoso garantiu que toda família com pelo menos uma criança de zero a seis anos passasse a receber uma renda mensal mínima de R$ 70 por pessoa da família. Esse valor equivalia, na época, à linha da extrema pobreza. O valor foi reajustado em 2014 para R$ 77.

Central de Atendimento do MDS:
0800-707-2003
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Informações para a imprensa:
Ascom/MDS
(61) 2030-1021
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Programa Mãezinha Rondoniense será ampliado para outros municípios

Josilene Lima mostra a filha da gestação acompanhada pelo programa

O programa estadual Mãezinha Rondoniense estimula a gestante em vulnerabilidade social (pobre e extramente pobre) a procurar o serviço municipal de saúde para participar do pré-natal, com participação efetiva de 6 consultas de pré natal e uma após o nascimento do seu filho. Com tal participação ao programa a gestante recebe um kit enxoval contendo 15 itens que asseguram as boas condições higiênico-sanitárias do bebê.

Josilene Lisboa de Lima foi uma das primeiras beneficiárias do programa  no município de Candeias do Jamari. Mãe de dois filhos, ela conta que ficou sabendo do Mãezinha Rondoniense quando ficou grávida do terceiro pela equipe técnica do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) e realizou as consultas pré-natal, na rede municipal de saúde. ” Ao fim das consultas fui beneficiada com um kit enxoval com produtos que garantiram a higiene do bebê, nos primeiros meses. Desempregada e só com a renda do meu marido, não tínhamos condições de comprar quase nada do enxoval e tudo que precisávamos vinha no kit”, declarou.

Clara Martins, que é técnica da Secretaria Municipal de Saúde de Candeias do Jamari, explica a importância da parceria entre o Governo do Estado e o município na execução do programa. ” A demanda é verificada por técnicos do Programa de Saúde da Família, da rede municipal, através de visitas domiciliares, em que é feito o levantamento socioeconômico para detectar as situações das gestantes em vulnerabilidade social. Elas são encaminhadas para rede municipal de saúde, onde têm garantida as consultas do pré-natal, promovendo mais qualidade de vida a gestante e ao bebê”, enfatizou Clara.

Clara Martins, Marciana Oliveira e Salustiano Freitas com o kit enxoval que é entregue às gestantes ao fim das consultas

Mesmo após o nascimento da criança, as mães continuam sendo acompanhas pelo Programa de Atendimento Integral à Família, oferecido pelo Cras. “Nosso trabalho vai além de garantir o pré natal e o kit enxoval, fazemos o acompanhamento dessas famílias, que também são inseridas em outros programas sociais, atuando em rede, na proteção das famílias mais carentes”, declarou o assistente social do Cras, Salustiano Freitas.

Marciana Marques Oliveira, tem 25 anos, está gravida de 6 meses do segundo filho e foi inserida no programa. ” Na minha primeira gestação não realizei o pré-natal e foi muito difícil não ter um acompanhamento e sem experiência. Agora que estou realizando o pré-natal, me sinto mais segura e muito mais tranquila ao saber que está tudo bem comigo e com o bebê. Me emocionei quando vi a ultrassonografia com a imagem do bebê pela primeira vez, na primeira gestação não passei por isso ” afirmou.

O Programa  nasce da parceria entre  as secretarias estaduais – Assistência Social e Saúde – e as prefeituras municipais, por meio das secretarias municipais de Saúde. Ele foi lançado pelo Governo do Estado nos municípios de Guajará-Mirim, Nova Mamoré, Candeias do Jamari e Itapuã do Oeste.

“Com o Mãezinha Rondoniense garantimos o pré natal da gestante, realizando as consultas e os exames, oferecendo segurança para o bebê e para a mãe. As gestantes que se encontrarem no perfil de vulnerabilidade devem procurar a Secretaria Municipal de Saúde  para iniciarem o pré natal e o cadastramento no programa” explicou a secretária de Assistência Social de Rondônia, Valdenice Ferreira. Ela disse, ainda, que neste ano será lançado o Mãezinha em mais municípios, priorizando os com maior índice de pobreza.


Fonte
Texto: Luana Lopes
Fotos: Ésio Mendes
Decom – Governo de Rondônia

Certificados mais de 3 mil alunos do Pronatec em Rio Branco

Alunas do curso de costureira recebendo a certificação e  apresentando as peças produzidas

Alunas do curso de costureira recebendo a certificação e apresentando as peças produzidas

Nesta sexta-feira, 06, no teatro Plácido de Castro, o Governo Federal certificou 3.123 jovens e adultos pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) em Rio Branco, nas áreas de saúde, gastronomia, serviços, gestão, informática, hotelaria e hospitalidade.

Estiveram presentes na solenidade o vice-governador do Estado, César Messias, o Secretário de Educação e Esportes, Daniel Zen, o diretor-presidente do IDM, Marco Brandão e autoridades locais.

Os cursos do Pronatec, ocorrem em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), Secretaria de Estado de Pequenos Negócios (SEPN), Secretaria de Estado e Desenvolvimento Florestal da Indústria e do Comércio e dos Serviços Sustentáveis (SEDENS), Centros de Referência e Assistência Social (CRAS) e Secretaria de Estado de Educação Esporte (SEE), e prefeitura local.

Participam dos cursos do Pronatec os estudantes do Ensino Médio da rede pública, inclusive da Educação de Jovens e Adultos; trabalhadores; beneficiários dos programas federais de transferência da renda, como os inscritos no CadÚnico.

O objetivo da formação é incluir as famílias no sistema socioprodutivo do Estado, possibilitando o seu ingresso no mercado de trabalho, por meio da qualificação profissional, que visam o fortalecimento da economia local.

Alunos dos diferentes cursos do Pronatec

Alunos dos diferentes cursos do Pronatec

Em 2013 o PRONATEC teve mais de 15 mil alunos matriculados nos cursos em 22 municípios do Estado, para Rio Branco a oferta alcançou mais de 8 mil alunos. “Quando a gente aproxima a educação profissional das escolas de nível Médio é antecipada a ida das pessoas para o mercado de trabalho, podendo contribuir também para o seu ingresso no ensino superior, atuando de maneira direta no desempenho de sua carreira,” afirmou Daniel Zen.

Muitas pessoas tiveram suas vidas modificadas com a formação profissional e estão contribuindo ativamente para o sustento de suas famílias. Como é o caso de Gerson Oliveira e Raimundo Nonato de Lima, que realizaram a formação pelo Pronatec e hoje já estão atuando, conforme mencionamos a seguir:

Gerson Oliveira, morador do Bairro São Francisco, formando de eletricista, disse que o curso foi uma das melhores coisas que ele já fez. “Já estou oferecendo meu serviço no mercado de trabalho, o que eu consigo faturar já dá para ajudar no sustento da família. Convido os que ainda não realizaram cursos, que se inscrevam, pois vocês também terão uma nova oportunidade de trabalho.”

Raimundo Nonato de Lima (Baxim da Jardinagem) mora no Bairro da Sobral, fez o curso de roçador. “Aprendi a roçar, mexer com jardins e já consegui trabalho em um grande condomínio de Rio Branco, e agora tenho a necessidade de contratar um ajudante. Quero aproveitar para agradecer e dizer que vou fazer outros cursos.”

Tamara Smoly (Assessoria IDM)

Acre se destaca na oferta do Pronatec 2013

Representantes das instituições ofertantes do Pronatec no Acre para novas pactuações em Brasília (Foto: Assessoria IDM) Estão reunidas em Brasília, na sede do Ministério da Educação (MEC), as instituições ofertantes de cursos técnicos e de formação inicial e continuada para avaliar a execução do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) 2013 e realizar a consolidação da oferta de novas vagas para 2014. Na avaliação do MEC, o Acre é o Estado com maior expansão de oferta de cursos e maior adesão à formação técnica e continuada.

Participam da pactuação os ofertantes do Pronatec no Acre: Instituto Dom Moacyr (IDM), Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre (Ifac), Secretaria de Estado de Educação (SEE), Senac, Senat, Senar e Senai, na conjunção de esforços para contribuir, por meio da oferta de formação profissional de qualidade, para o desenvolvimento de um Acre melhor para todos.

O diretor-presidente do Instituto Dom Moacyr, Marco Brandão, e o coordenador adjunto do Pronatec pelo IDM, Dacicleudo Silva, estão participando da avaliação e pactuando nova meta de oferta de cursos para 2014.

Em 2013, o IDM ofereceu cursos nas áreas de saúde, hotelaria e hospitalidade, gastronomia e serviços, em mais de 150 modalidades, em todos os municípios do Acre, e teve 15 mil inscritos, cujo total deverá ser superado em 2014.

Republicado de http://www.agencia.acre.gov.br

Pronatec a todo vapor em Rolândia/PR

A secretária de Assistência Social informa que as aulas estão com grande aproveitamento

Credito:

Trata-se de curso de qualificação profissional realizado pelo Senac em parceria com prefeitura, através da Secretaria Municipal de Assistência Social atendendo público com baixa renda no município. Os cursos são totalmente gratuitos  para população. O aluno recebe todo o material escolar e didático, além da Assistência Estudantil que consiste de ajuda de custo em pecúnia para alimentação e transporte. Em Rolândia está sendo ministrado o curso de Auxiliar Administrativo e as aulas vão até início de janeiro, com carga horária de 198 horas.  Interessados em conhecer o curso poder se dirigir ao CRAS – Centro de Referência da Assistência Social da Vila Oliveira.

A secretária de Assistência Social, Fernanda Buranello, informa que as aulas estão com grande aproveitamento por parte dos inscritos.

Para ano de 2014 o município esta com parceria com Senac e Senai para realizar cursos na área de gestão, conservação e zeladoria, saúde, beleza outros. Maiores informações na Secretaria de Assistência Social, no 3º andar do prédio do Banco do Brasil.

Republicado de tnonline.com.br

Trajetória de beneficiários derruba mitos sobre o Bolsa Família

mudando a comunidade“Efeito-preguiça”, estímulo ao aumento do número de filhos e o gasto inadequado do benefício são alguns dos preconceitos que o Bolsa Família desconstruiu ao longo de seus dez anos. Resultados positivos tornaram o programa referência mundial.

“As mulheres vão ter mais filhos para receber mais dinheiro do governo”. “As pessoas vão deixar de trabalhar para viver de benefício social”. “É claro que as famílias vão gastar mal o dinheiro”. Quando o Bolsa Família nasceu, crenças como essas eram comuns entre aqueles que não acreditavam no programa. Hoje, porém, ele completa dez anos colecionando bons resultados e aclamado pela comunidade internacional como um dos mais bem-sucedidos programas sociais do mundo. Estudos científicos e pesquisas revelam que, mais do que aliviar a pobreza monetária, o Bolsa Família alcançou impactos notáveis na saúde, na educação, na segurança alimentar e nutricional de milhões de brasileiros e brasileiras.

A própria trajetória de mudança nas vidas dessas pessoas tratou de derrubar, um a um, os mitos que rondavam o Bolsa Família no seu nascimento. Histórias como a de Samuel Rodrigues, 27 anos, morador de Belo Horizonte (MG), e a de Odete Terezinha Dela Vechio, 45 anos, de Guaíba (RS). Ele, ex-flanelinha. Ela, uma carpinteira. Dois brasileiros que venceram a pobreza com a ajuda do maior programa de transferência de renda do país e cujos exemplos ilustram como as crenças negativas contra o Bolsa Família revelaram-se meros preconceitos infundados.

De flanelinha a empresário: o mito do “efeito preguiça”filhos deste solo

Todos os dias, Samuel Rodrigues, 27 anos, acorda às 5h30 da manhã, escolhe uma calça jeans e uma camiseta básica preparadas na véspera e senta-se à mesa com a mulher, Ana Cristina, que tem a mesma idade do marido. Depois, desperta o filho Taimon, de três anos, e prepara-se para uma nova jornada. O carro popular ano 2011, à porta, simboliza o progresso que ele conquistou e, ao mesmo tempo, uma aposta em um futuro ainda mais próspero.

Ex-beneficiário do Programa Bolsa Família, Samuel exibe com orgulho, por onde anda, fotocópias de cartazes de sua empresa, um lava a jato móvel: Samuca Lavacar – Higienização Automotiva. “Minha proposta é levar à casa do cliente a mesma qualidade dos serviços de um lava a jato convencional e por um preço mais em conta”, explica. Ele é um dos 350 mil microempreendedores individuais brasileiros, oriundos do Bolsa Família, que hoje incrementam a economia formal do país.

O exemplo do ex-flanelinha – que já foi garçom, motorista, ajudante de pedreiro e embalador em supermercados – derruba um dos mitos mais comuns do Bolsa Família: o de que o benefício mensal estimula o “efeito preguiça”, levando seus beneficiários à acomodação. Segundo o Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 75,4% dos beneficiários do Bolsa Família trabalham. Desde o lançamento do programa, em 2003, 1,7 milhão de brasileiros deixaram de receber o benefício por não precisar mais da ajuda do governo.

BF10anosPara o pesquisador Rafael Moreira, autor do estudo “Empreendedorismo e Inclusão Produtiva: uma análise de perfil do microempreendedor individual beneficiário do programa Bolsa Família”, as pesquisas não mostram nenhuma tendência dos beneficiários a deixar o mercado formal de trabalho ou a trabalhar menos. “Diversos autores mostram que o mito da acomodação no Bolsa Família não se comprova. Pelo contrário, em muitos casos a gente vê que o empreendedorismo surge como forma de completar a renda, dando mais segurança à família para conquistar autonomia e sair do programa”, avalia Moreira.

Segundo ele, o número de microempreendedores individuais – aqueles com rendimento anual de até R$ 60 mil – oriundos do Bolsa Família saltou de pouco mais de 100 mil, em 2011, para cerca de 350 mil, atualmente.  Para Samuel, montar seu próprio negócio trouxe mais segurança e bem-estar à família, além da esperança de oferecer um futuro melhor para o filho.

“Antes, as pessoas não me respeitavam muito; achavam que lavador de carro não queria trabalhar de verdade. Agora, com minha empresa formalizada, ganho o suficiente para me sustentar, passo nota fiscal, sou respeitado pelos clientes, tenho crédito na praça”, comemora o ex-flanelinha, que lava seis carros por dia, em média, e cobra entre R$ 25 e R$ 30 por lavagem, dependendo do tamanho do veículo. “Eu atendo os clientes em casa e nas empresas e todos se mostram muito satisfeitos com o meu trabalho”, orgulha-se.

Famílias gastam com alimentos, material escolar e roupas

Samuel conta que, ao conquistar a independência financeira, ele e a mulher devolveram voluntariamente o cartão do Bolsa Família. “O benefício nos ajudou muito, principalmente quando o Taimon nasceu. A gente separava o dinheiro para a alimentação dele. Comprava leite, iogurte, biscoito, o que ele precisasse”. A experiência dele confirma resultados de pesquisas recentes que jogam por terra um segundo mito envolvendo o programa: o de que os beneficiários gastam mal o dinheiro.vida digna

Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), em 2008, revelou que alimentação, material escolar e vestuário são os itens em que as famílias mais gastam o benefício mensal. A pesquisa pediu que os titulares do cartão apontassem os itens em que o dinheiro do Bolsa Família era mais aplicado, podendo indicar até três. No geral, 87% das famílias apontaram a alimentação como principal gasto – na região Nordeste esse percentual chegou a 91% e, no Sul, 73%. O material escolar aparece em segundo lugar, com 46%, e o vestuário com 37%.

Estudos mais recentes têm confirmado essa tendência. No Norte e Nordeste, por exemplo, o impacto do programa é 31,4% maior que no restante do país. Além disso, as famílias atendidas pelo Bolsa Família gastam mais do que as não-beneficiárias com grãos e cereais, aves e ovos, carnes, pães, legumes, óleos e bebidas não alcoólicas, indicando que o programa contribui para a segurança alimentar e nutricional de crianças e adolescentes.

Segurança e poder para mulheres: a história de Odete

Quem visitar um dos canteiros de obras no município de Guaíba, a cerca de 32 quilômetros de Porto Alegre (RS), poderá se surpreender. Lá, é comum ver mulheres como Odete Terezinha Dela Vechio, 45 anos, de jaleco, calça, botas e capacete dividindo espaço com homens na construção civil. O trabalho pesado não é motivo de preconceito contra mulheres nessa pequena cidade com menos de 100 mil habitantes.

Com ferramenta nas mãos, Odete, que é carpinteira e armadora de ferragens, impressiona pela garra, força e vontade de trabalhar. Beneficiária do Bolsa Família, casada e mãe de três filhos, hoje com 15, 18 e 25 anos, ela protagoniza uma nova etapa na história social do Brasil – o empoderamento das mulheres e sua ascensão em um mercado de trabalho antes ocupado majoritariamente pelo sexo masculino.

“Fui bem aceita nessa nova profissão e sou respeitada por meu marido, meus filhos e meus colegas da empresa”, diz Odete, que concluiu os cursos de armadora de ferragens e carpintaria pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), iniciativa do governo federal para promover a capacitação técnica de brasileiros e da população mais pobre atendida pelo Plano Brasil sem Miséria.

Odete construiu, ela mesma, um quarto novo em sua casa. “É bom demais ver uma obra que gente mesmo fez”, contenta-se. “Também ajudei a construir os apartamentos do programa Minha Casa Minha Vida aqui na cidade. Eu saí antes de a obra terminar, mas, quando vi na televisão tudo prontinho, bonitinho, chamei minhas amigas e disse ‘olha, eu ajudei a construir’.”

A história de Odete também derruba os mitos da acomodação e do dinheiro mal gasto por quem recebe o Bolsa Família. “Eu trabalho muito e sempre fiz de tudo. O que recebo do governo é gasto com o transporte escolar da minha filha mais nova”, diz. Ela conta que o benefício também a ajudou a criar a neta quando os pais da criança passavam por uma situação difícil.

Avaliações sobre o impacto do programa revelam que a segurança de renda proporcionada pelo Bolsa Família contribui para aumentar o poder de decisão das mulheres no lar, o que as leva, inclusive, a questionar a dominação masculina. Estudos de avaliação de impacto do Bolsa Família, realizados pelo MDS, mostram que a participação das mulheres nas decisões sobre compra de remédios para os filhos, por exemplo, aumentou oito pontos percentuais entre 2005 e 2009. Nas decisões sobre gastos com bens duráveis, a participação feminina subiu 5,3 pontos percentuais no mesmo período.

“O Bolsa Família deu às pessoas a dignidade que a miséria retirou”, diz Walquíria Leão Rego, socióloga e pesquisadora da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Durante cinco anos, entre 2006 e 2012, Walquíria e o professor de Ética e Filosofia Política da Universidade Federal de Santa Catarina, Alessandro Pinzani, percorreram regiões de Minas Gerais, Alagoas, Piauí e Maranhão e acompanharam 150 mulheres beneficiárias do Bolsa Família, para estudar o efeito do programa de transferência de renda sobre suas vidas. Eles são autores do livro Vozes do Bolsa Família: autonomia, dinheiro e cidadania, da editora Unesp.

Preconceito é contra o pobre, diz socióloga

Para Walquíria, as crenças negativas em torno do Bolsa Família não passam de preconceito de uma elite que não conhece os efeitos perversos da pobreza. “Qualquer política distributiva é objeto de críticas aqui e em qualquer lugar do mundo. Na verdade, o preconceito é contra os pobres”, analisa. A socióloga reage irritada aos mitos em torno do Bolsa Família e pondera que a ajuda não é a salvação de todos os males sociais causados em mais de 500 anos de história, porém causa impactos importantes na vida das pessoas. “Mesmo pequena, a transferência de renda já trouxe muitos benefícios para a população mais pobre, garantindo não apenas o alimento, mas a segurança e o direito à vida”, afirma.

Para o secretário nacional de Renda de Cidadania do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), Luis Henrique Paiva, o Bolsa Família contribuiu para retirar da extrema pobreza mais de 36 milhões de pessoas nos últimos anos e isso mostra a importância estratégica do programa na transformação do Estado brasileiro.

“Antigamente, um contingente significativo da população ficava à margem das políticas sociais. Com o Bolsa Família e outras ações governamentais, conseguimos chegar às famílias que mais necessitam do poder público e quebrar preconceitos contra os mais pobres”, afirma o secretário. Ele acrescenta que a transferência de renda e as políticas sociais do governo contribuíram para reduzir a desigualdade social, motivada pelo fator renda, entre 15% e 20% no período de 2001 e 2011.

Taxa de fecundidade, saúde, educação e a “Felicidade Interna Bruta”

O mito de que o Bolsa Família estimula o aumento do número de filhos e faz prolongar o ciclo geracional da pobreza é outro que caiu por terra nestes dez anos. Ao contrário, o número médio de filhos entre as mulheres mais pobres diminuiu. Análise feita com base nos Censos populacionais de 2000 e 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que o grupo de mulheres mais pobres apresentou recuo de 30% no número médio de filhos, enquanto a média nacional foi de 20,17%.

Na avaliação do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Néri, os impactos positivos do programa refletiram de forma evidente nas áreas de saúde e educação. Segundo ele, os levantamentos mostram aumento na frequência escolar e queda da evasão escolar de crianças e adolescentes beneficiárias do programa, vacinação em dia, queda da mortalidade de crianças menores de cinco anos, aumento do número de gestantes acompanhadas no pré-natal e redução de doenças relacionadas à pobreza.
Neri ressalta que o custo-benefício é a maior vantagem do modelo brasileiro de transferência de renda condicionada. O orçamento do Bolsa Família corresponde a apenas 0,5% do Produto Interno Bruto e cada R$ 1 transferido para as famílias se transforma em R$ 1,78 na economia do país”, afirma. Segundo Neri, “o Bolsa Família também contribui para a Felicidade Interna Bruta das famílias mais pobres”. Ele se refere a uma corrente progressista de pensamento, segundo a qual a riqueza de uma nação deve ser medida pelo grau de qualidade de vida e de bem-estar da população.

Felicidade é a palavra que define o momento atual do ex-flanelinha Samuel Rodrigues. Tornar-se dono do seu próprio negócio trouxe estabilidade e bem-estar para a família. “Eu e minha mulher estamos mais felizes, queremos crescer juntos e dar uma boa educação para o Taimon”, diz o microempreendedor individual, que pensa em concluir o segundo grau e fazer cursos de polimento e lubrificação de automóvel. “Amo o que faço e, para chegar até aqui, é preciso garra e persistência, não desistir nunca”, ensina. Ele quer se capacitar e aumentar o negócio de lava a jato, contratando pelo menos um ajudante.

A carpinteira Odete também pretende conquistar autonomia e melhorar as condições financeiras da família. “Meu marido está ‘encostado’ temporariamente por acidente de trabalho e eu sempre corri atrás, sempre lutei e pretendo lutar sempre.”

Republicado de G37.com.br

Cursos PRONATEC

O PRONATEC oferece diversos cursos de qualificação profissional. Para saber quais cursos estão disponíveis no seu município, basta acessar o link http://spp.mec.gov.br/cadastro-online/meu-cadastro/

Além dos cursos citados na enquete, ainda existem outros cursos do PRONATEC disponíveis, que diferem de município para município, nos diversos eixos:

  • Ambiente e Saúde
  • Controle e Processos Industriais
  • Desenvolvimento Educacional e Social
  • Gestão e Negócios
  • Informação e Comunicação
  • Infraestrutura
  • Militar
  • Produção Alimentícia
  • Produção Cultural e Design
  • Produção Industrial
  • Recursos Naturais
  • Segurança
  • Turismo, Hospitalidade e Lazer